Como mencionei no final do episódio anterior, eu passei um pequeno perrengue ao tentar voltar para minha homestay no feriado do Canada Day.
Seria a primeira vez que eu voltaria sozinha e de ônibus. E eu ainda não estava familiarizada com o trajeto.
Assim que desci na Joyce Station, vi uma galera esperando pelo ônibus. Já passava das 22h e, ouvindo a conversa alheia, descobri que após esse horário o intervalo entre um ônibus e outro era maior. Até aí tudo bem, mas eu não imaginava que seria tanto assim naquele dia!
Eu já estava começando a ficar preocupada, pois minha host family deveria estar acordada, esperando eu voltar. E eu sem ter como ligar…
Uma senhora muito chique, do tipo que raramente pega ônibus na vida, sentou ao meu lado e começou a puxar assunto envolvendo a demora do ônibus. É normal as pessoas lá puxarem assunto e acabarem perguntando coisas sobre sua vida pessoal. E não é na maldade. Lá as pessoas realmente se interessam e se preocupam com os outros.
A tal senhora perguntou de onde eu era, o que eu estava fazendo ali em Vancouver e, sabendo que eu era brasileira, ela ficou encantada com minha educação e até elogiou minha pronúncia, rs!
Disse que já tinha hospedado uma brasileira, mas que era uma menina extremamente esquisita, cheia de manias e que mal comia e mal se relacionava com as pessoas da casa. A princípio ela disse que achou que a coitada estava triste, com saudades da família. Tentou conversar com ela, tentou até mesmo fazer alguma comida brasileira para ver se a dita cuja comia, e nada.
Ela me contou praticamente a história toda da tensa hospedagem da tal brasileira esquisita. E nada do ônibus chegar. Uma outra senhora se aproximou reclamando do ônibus e também entrou na conversa.
Comecei a falar da minha host family e em determinado momento mencionei que eles deveriam estar preocupados comigo pela demora e que eu não tinha como avisar.
A outra senhora prontamente pegou o celular dela e me pediu o número de telefone da minha host family. Sorte que eu sempre ando com meu caderninho de anotações e, além do endereço, lá estava o telefone do Ben, meu host father. Até mesmo o nome da rua onde eu deveria descer eu havia anotado no caderninho.
Ela ligou para meu host father, disse que tinha me conhecido no ponto de ônibus e falou para ele não se preocupar, pois eu estava segura. Ela até sugeriu que ele me encontrasse no ponto de ônibus, para eu não ter que caminhar sozinha, à noite, até em casa.
O ônibus finalmente chegou e as duas senhoras e eu entramos e continuamos conversando. A primeira desceria na mesma rua que eu, já a segunda desceria bem depois.
Assim que chegamos à tal rua, a primeira senhora avisou que desceria ali e eu resolvi descer também, pois meu medo era passar do ponto!
Mas não vimos sinal do meu host father. Dei uma olhada em volta e disse que ali não parecia ser o lugar onde eu deveria descer.
A mulher ficou extremamente preocupada e disse para irmos até a casa dela, pois ela pegaria o GPS no carro para vermos o endereço. Eu havia descido muito antes do local certo. A mulher disse que me levaria até minha homestay, pois não tinha como eu ir andando até lá e talvez o próximo ônibus demorasse.
Não me pareceu arriscado aceitar carona de uma pessoa estranha, pois eu percebi que aquela senhora era do bem. Pior seria eu ter que caminhar horrores até chegar em casa, sozinha e àquela hora!
Durante o caminho, olhei nos demais pontos da rua e não vi meu host father. Cheguei até minha homestay, agradeci à senhora pela carona, entrei em casa e minha host mother ligou para o Ben, avisando que eu já tinha chegado. Coitado! Saiu de casa tarde da noite e ficou lá me esperando em vão.
Na verdade eu havia entendido errado o lugar onde eu deveria descer: era no ponto após essa rua onde eu desci! Dentro do ônibus existe um letreiro e uma mensagem de voz que informam qual é a próxima parada. Eu não havia anotado o nome da parada, mas sim o nome da rua, por isso me confundi.
Expliquei a confusão toda para meu host father, pedi desculpas e fui dormir. Depois disso eu nunca mais me atrapalhei com os ônibus novamente!
Agradecimentos especiais à Adele, não a cantora, mas sim a senhora que me ajudou a chegar sã e salva em casa! rsrs
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E a internet, nossa amiga sagrada de todos os dias, hein? Ela pode muito bem nos dizer como ir de um lugar a outro sem passar nenhum perrengue, não é mesmo?
Então, se você estiver em Vancouver, acesse esse site para não se perder quando precisar pegar um ônibus: www.translink.ca
E tem mais! Se você quiser saber a que horas o próximo ônibus vai passar em determinado ponto, basta mandar uma mensagem de texto para 33333 com o número da parada de ônibus mais próxima de você! Em poucos segundos você recebe um torpedo avisando exatamente quando os próximos 5 ônibus passarão naquele ponto!
Supimpa, não?
Taí uma coisa que nem todo mundo em Vancouver sabe. Eu só descobri porque sou curiosa e, no primeiro dia de aula, peguei um folhetinho da Translink que é deixado mensalmente nos vagões do Skytrain! Lá tinha essa e muitas outras informações úteis a todos os usuários de ônibus e metrô!
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